-É besteira - pensava. E por pensar, se fazia acreditar. Naquele Natal, tinha descoberto o fim do que acreditava, tinha descoberto que o pai era quem se fantasiava de Papai Noel todos os anos, e que era ele quem colocava os presentes tão esperados debaixo da árvore de Natal à meia-noite em ponto. - É bobagem.
Ah, que droga! Por que todos não podiam ser como ele? Por que não paravam de celebrar, mesmo estando cientes do que tudo pelo que prezavam fora desmascarado? Por que continuavam a rir sabendo que tudo era apenas fantasia?
Exatamente por isso, meu jovem.
O menino olhou para os lados, assustado. -Quem disse isso? - Não houve resposta. - Deve ser alguém pregando mais uma peça natalina. Bando de bobos! - E ainda assim, tudo o que ouvia era o som enjoativo das pessoas celebrando, cantando e rindo por toda a casa. - Apareça!
Como?
Então o menino parou de procurar. Parou de olhar, parou de tentar ver a fonte da voz. Entendeu que aquela voz era a de um bondoso velhinho que não podia ser visto. Aquela fantasia que tinha cultivado por tanto tempo não era tangível, porém tinha florecido em seu coração. E por acreditar no que dizia ser "besteira", estava regando as sementes de algo mais especial do que qualquer "bobagem".
O Papai Noel não é algo real. Ele está dentro de cada um, cultivando o espírito natalino de todos. E o menino pode finalmente descobrir o motivo de tanta festança. Era o Papai Noel dentro de cada um, mostrando-se presente em uma data tão especial. E, ciente disso, deu uma risada gostosa e bastante feliz.
Porque era Natal. E somente por isso.
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